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Agosto Laranja e a Esclerose Múltipla
Publicado em: 15/08/2024
Agosto Laranja: saiba mais sobre a esclerose múltipla
Mesmo com todo o acesso à informação, nem todo mundo sabe o que leva uma pessoa a ter esclerose múltipla (EM). Se você ou alguém próximo tiver recebido este diagnóstico após análise clínica e exames (a exemplo da ressonância magnética), saiba que existem tratamentos para atenuar os sintomas e desacelerar o avanço da doença. Aliás, apesar de rara - há cerca de 40 mil portadores no Brasil, uma média de 15 a cada 100 mil habitantes, de acordo com a OMS -, a EM tem sido foco de diversos estudos científicos responsáveis por melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Além de tudo, é fundamental acabar com possíveis estigmas que possam motivar as pessoas a manterem a condição em segredo, levando-as ao isolamento social. Até que se torne amplamente visível, quem escolher não contar que tem EM aos familiares, amigos e colegas de trabalho por medo de discriminação corre um sério risco de não lidar com a patologia corretamente. Por consequência, o esforço e o estresse gerados por toda a situação podem, inclusive, contribuir para sua progressão.
Pensando nisso, no post de hoje, vamos esclarecer quais são os primeiros sinais de esclerose múltipla e qual a especialidade médica mais indicada para realizar o acompanhamento. Ao desconfiar da existência de EM no organismo, a primeira providência deve ser sair em busca de esclarecimento e apoio. Portanto, prossiga a leitura e confira como dar o primeiro passo rumo à conscientização a respeito da esclerose múltipla, ajudando a si mesmo ou quem quer que esteja precisando. Ah, com direito a dica de filme imperdível e absolutamente inspirador sobre o tema no final.
O que é Esclerose Múltipla?
A esclerose múltipla é uma doença neurológica, crônica e autoimune. Ou seja, ocorre quando as células de defesa atacam o próprio sistema nervoso central provocando lesões cerebrais, ópticas e medulares. A partir desse comportamento imunológico irregular, os neurônios não conseguem mais se comunicar com o cérebro da maneira que deveriam, assim como param de enviar certos comandos ao restante do corpo. A todo esse processo inflamatório damos o nome de esclerose múltipla, também conhecida pela sigla EM.
Tecnicamente falando, trata-se de um distúrbio no qual o tecido protetor (bainha de mielina) que envolve as fibras nervosas é progressivamente destruído. Em relação às causas, o que se sabe até o momento é que a disfunção possui ordem multifatorial. Quando a predisposição genética encontra fatores ambientais prejudiciais à saúde, como fumar, as chances de desenvolver EM se tornam maiores. Ela também acomete mais mulheres do que homens, sendo predominante em jovens de 20 a 40 anos.
Entre os “gatilhos” mais citados na literatura médica, estão:
- Ter tido infecções virais severas, como as que são causadas pelo vírus Epstein-Barr;
- Ter sofrido exposição excessiva ao sol ou, no espectro oposto, ter ficado com níveis baixos de vitamina D;
- Ser tabagista ou obeso;
- Ter tido contato excessivo com alguns solventes orgânicos.
Atualmente, três tipos de EM constam na Classificação Internacional de Doenças (CID), sendo elas:
1. Remitente-recorrente (EMRR): de incidência mais comum, afeta cerca de 85% dos pacientes com EM. Caracteriza-se pela ocorrência de surtos súbitos das crises inflamatórias que danificam a bainha de mielina causando cicatrizes, placas ou lesões que provocam degeneração das fibras nervosas ou axônios. Ocorrem aleatoriamente, variando em número e frequência, de pessoa para pessoa;
2. Primária progressiva (EMSP): o paciente não apresenta surtos, mas desenvolve sintomas e sequelas progressivamente;
3. Secundária progressiva (EMPP): o paciente apresenta inicialmente surtos e remissões e, após algum tempo, a doença se torna progressiva com piora de forma lenta.
Principais sintomas
Ao inverter seu papel, o sistema imunológico de um portador de esclerose múltipla passa a agredir as células de defesa do indivíduo. Desse modo, começam a surgir os sinais típicos da doença que, como falamos anteriormente, também pode ser silenciosa no início. Por esse motivo, é crucial manter o check-up sempre em dia, pois uma simples ida ao clínico geral pode ser suficiente para descobrir se as alterações observadas são causadas ou não pela EM. Na sequência, em consulta, o médico tende a indicar o especialista mais recomendado que, por vezes, acaba sendo o neurologista.
Vejamos quais são os sintomas mais comuns da esclerose múltipla:
- Fadiga: é um dos sintomas mais comuns e severos da EM. Manifesta-se por um cansaço intenso e momentaneamente incapacitante em relação às atividades cotidianas. É muito frequente quando o paciente se expõe ao calor ou realiza um esforço físico intenso;
- Alterações fonoaudiológicas: tendem a surgir tanto no início da doença como no decorrer dos anos alterações ligadas à fala e deglutição, incluindo lentidão ao falar, palavras arrastadas, voz trêmula e anasalada, disartrias (incapacidade de articulação), pronúncia hesitante, bem como dificuldade para engolir líquidos, pastosos ou sólidos;
- Transtornos visuais: aqui, visão dupla ou embaçada passam a aparecer com certa frequência. A neurite óptica também é responsável por uma mancha escura no centro de um olho (escotoma) e, em casos mais graves, provoca a perda da visão;
- Disfunção da bexiga e/ou do intestino: como a EM causa lesão nos nervos, a função da bexiga pode ser afetada. Algumas pessoas acham que precisam urinar com mais frequência ou urgência, enquanto outras têm dificuldade no esvaziamento da bexiga ou apresentam incontinência urinária ocasional;
- Problemas de equilíbrio e coordenação: perda da força muscular, dificuldade para andar, espasmos e rigidez muscular (espasticidade), desequilíbrios e tremores, bem como vertigens e náuseas;
- Espasticidade: é a rigidez de um ou mais membros, sobretudo os inferiores, ao movimentar-se. A parestesia compromete a sensação tátil normal e vem acompanhada de queimação ou formigamento em partes do corpo que pode ser facilmente confundida com dores musculares;
- Transtornos cognitivos: surgem em qualquer momento da doença, independentemente da presença de sintomas físicos ou motores. As funções cognitivas mais frequentemente comprometidas envolvem o processamento da memória e execução das atividades. Os indivíduos se queixam muito que levam mais tempo para memorizar as tarefas e possuem mais dificuldades para executar as mesmas;
- Transtornos emocionais: já do ponto de vista emocional, é comum que pacientes com EM desenvolvam quadros de depressão e ansiedade, intercalando fases de bom humor e irritação que transitam entre episódios de manias e transtorno bipolar;
- Sexualidade: disfunção erétil nos homens, diminuição de lubrificação vaginal nas mulheres, seguida do comprometimento da sensibilidade do períneo (região da genitália), interferindo no desempenho do ato sexual.
Existe tratamento para a doença?
Embora não tenha cura, os sintomas da esclerose múltipla têm tratamento. Devidamente prescritos pelo médico, os remédios atuam no sentido de reduzir as inflamações cerebrais e a ocorrência dos surtos por longos períodos. Na classe dos biofármacos, já existem medicamentos capazes de modular o sistema imunológico a fim de reduzir a agressão de linfócitos e anticorpos contra a bainha de mielina das fibras nervosas.
Ademais, a atuação de equipes multidisciplinares é de suma importância no sentido de controlar o avanço da doença ou melhorar o dia a dia de quem já apresenta um ou mais dos sintomas descritos anteriormente. A seguir, listamos algumas das recomendações mais importantes:
- Manter a prática de exercícios físicos deve ser regra, pois eles ajudam a fortalecer os ossos, a melhorar o humor, a controlar o peso e atenuar a fadiga;
- Quando os movimentos estão comprometidos, a fisioterapia ajuda a reformular o ato motor, dando ênfase à contração dos músculos ainda preservados;
- O tratamento fisioterápico associado a determinados medicamentos ainda ajuda a reeducar músculos que controlam a eliminação de fezes e urina (esfíncteres);
- Nas crises agudas da doença, é aconselhável permanecer em repouso.
Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla
Criada em 2014, pela ONG “Amigos Múltiplos Pela Esclerose” (AME), a campanha “Agosto Laranja” existe para alertar a população sobre a importância do diagnóstico desta enfermidade marcada por inúmeros desafios. Não por acaso, a data de 30/08 foi escolhida para ser o Dia Nacional de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla. Mais que uma oportunidade de compartilhar informações precisas e, principalmente, atualizadas, a ocasião serve para combater certos preconceitos comumente relacionados à EM.
Nesse sentido, vale lembrar que a esclerose múltipla não está relacionada aos mitos abaixo:
- Não é doença mental;
- Não é contagiosa;
- Não é suscetível de prevenção;
- Não tem cura e seu tratamento consiste em atenuar os sintomas e desacelerar a progressão da doença.
Quem tiver interesse, sugerimos assistir ao filme espanhol, “100 metros”, que narra a inspiradora história real de um homem diagnosticado com esclerose múltipla. Enquanto questiona suas limitações, o então executivo treina para uma prova de Ironman com a ajuda do sogro, um professor de educação física aposentado. Está disponível no catálogo das plataformas de streaming mais conhecidas. Vale lembrar das atrizes, Claudia Rodrigues e Guta Stresser, famosas pelas séries “A Diarista” e “A Grande Família”, respectivamente, que travam batalhas públicas para controlar a EM.
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