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Setembro Amarelo: se precisar, peça ajuda
Publicado em: 06/09/2024

Com o mote “Se precisar, peça ajuda” iniciamos mais um Setembro Amarelo. Graças a uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CRM), o calendário nacional conta com um mês inteiramente dedicado à campanha, marcada pelo Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10/09) e uma série de outras ações que visam conscientizar a população e dar visibilidade à causa. Reconhecida internacionalmente como a maior frente de combate à estigmas, nunca é demais falar a respeito desta triste realidade que gera grandes prejuízos à sociedade.
Por se tratar de uma questão de saúde pública, o suicídio requer o engajamento de uma rede de articulação para combatê-lo. Ou seja, não basta que os familiares de quem faz parte dos grupos de risco tomem atitudes de proteção, é preciso que haja o comprometimento do governo e demais entidades, incluindo a iniciativa privada, na criação de políticas públicas de grande impacto. Nós, da HapVida NotreDame Intermédica, enquanto prestadores de serviços, atuamos para promover não só o acesso a tratamentos e profissionais especializados como também na geração de conteúdo que faça a diferença.
Portanto, deixe os tabus de lado e confira como você também pode fazer parte deste movimento em prol de salvar vidas.
A importância da campanha Setembro Amarelo
Antes de mais nada, vamos esclarecer um ponto fundamental em se tratando de suicídio: quem o comete muito provavelmente está doente e deseja se livrar da dor. Dessa forma, derrubar mitos carregados de preconceitos que permeiam o senso comum é um dos objetivos da campanha Setembro Amarelo. Afinal, é necessário desvincular do tema afirmações equivocadas como as que se referem às vítimas antes delas procurarem um meio que consideram letal de interromper a própria vida. Certas convicções, a exemplo de afirmar que “quem quer se matar não manda recado” ou “criança não se mata” devem ser, defininitamente, deixadas para trás.
Recentemente, falamos sobre
a importância do acompanhamento psicológico e aproveitamos a oportunidade para reforçar a busca por atendimento adequado. Sobretudo, em casos de tendência ao ato, geralmente caracterizado por transtornos mentais quando não diagnosticados ou tratados incorretamente. Além disso, é fundamental ficar atento a outros fatores de vulnerabilidade que contribuem para processos de ideação ou tentativas de suicídio, tais como:
• Já ter tentado se suicidar outras vezes ou possuir doença mental diagnosticada;
• Abusar no consumo de álcool ou ser usuário de drogas;
• Ser vítima de bullying, ameaças, abusos ou qualquer tipo de violência doméstica;
• Sofrer discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero;
• Estar passando por uma fase de precariedade financeira, econômica e/ou social;
• Ter sido obrigado a deixar a nação de origem em virtude de guerras e conflitos tornando-se um refugiado.;
• Se isolar de suas atividades sociais, cortar relações e evitar qualquer forma de contato;
• Mostrar falta de esperança, pessimismo, inquietude exacerbada e muita preocupação com dilemas existenciais;
• Tomar providências inesperadas de ordem bancárias ou relacionadas a bens e testamentos;
• A presença de pesquisas sobre o assunto no histórico do computador;
• Consumir conteúdos na internet que incentivem a realização de desafios perigosos, dietas mirabolantes e procedimentos estéticos que coloquem o bem-estar físico em risco;
• Comprar armas ou estocar comprimidos;
• Apresentar súbitas crises de culpa e choro;
• Manter conversas em tom de despedida sem motivo aparente, como uma viagem.
Origem da data escolhida para a campanha de prevenção ao suicídio
Há 30 anos, nos Estados Unidos, o jovem Mike Emme cometeu suicídio, aos 17 anos. Ele tinha um Mustang 68 amarelo e, no dia do seu velório, seus pais e amigos decidiram distribuir cartões amarrados em fitas amarelas com frases de apoio para pessoas que pudessem estar enfrentando desafios emocionais. A tragédia familiar, ocorrida em setembro de 1994, serviu de inspiração ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10/09), dando origem à campanha caracterizada pela referência direta a cor do veículo.
A discussão sobre saúde mental
Em mais de 90% dos casos de suícidio, caberia um diagnóstico, seguido de terapia e, a depender do critério médico, o uso de medicamentos que auxiliam a restabelecer o pleno controle emocional. Ao contrário do que se pregou por décadas, a depressão não é frescura, muito menos “falta de fé”. Pelo contrário, trata-se de uma doença psiquiátrica que não se resolve com orações ou momentos de descontração - se fosse assim, não teríamos relatos de padres, pastores e comediantes (sendo o Robin Williams o mais famoso) que morreram desse jeito.
Para se ter uma ideia da dimensão do problema e da importância da campanha Setembro Amarelo, vejamos alguns dados alarmantes divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde (MS).
• O Brasil é o país com a maior prevalência de depressão na América Latina, com 5,8% de cidadãos afetados. Ficamos atrás apenas dos Estados Unidos, com taxa de 5,9%;
• Todos os anos, mais gente morre como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama. Os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, o que significa que, a cada dia, em média 38 pessoas tiram a própria vida;
• Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa de morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal;
• Entre 2016 e 2021, houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre pré-adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil;
• Dados da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS), apurados de 2013 a 2023, mostram que o nível de ansiedade entre crianças e jovens superou o verificado em adultos. A análise dos números indica que a situação socioemocional desse público passou a ficar mais crítica em 2022, com o aumento considerável na taxa de pacientes atendidos com transtornos dentro da faixa etária entre 10 e 14 anos;
• As taxas variam entre países, regiões e sexos. No Brasil, 12,6% por cada 100 mil homens em comparação com 5,4% por cada 100 mil mulheres, morrem devido ao suicídio. As taxas entre os homens são geralmente mais altas em países de alta renda (16,6% por 100 mil). Para as mulheres, as taxas de suicídio mais altas são encontradas em países de baixa-média renda (7,1% por 100 mil).
Como conseguir ajuda
A famigerada “reação” que muitos esperam, como “levantar da cama e achar o que fazer”, não depende de força de vontade e muito menos de um simples desejo após ouvir conselhos. Por ser um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades, exige muito mais para reconhecer um pedido de socorro.
Pensando nisso, veja como conseguir ajuda ou ajudar diante do risco iminente de suicídio.
Grupos de apoio
O CVV (Centro de Valorização da Vida) é uma referência no Brasil quando se trata de apoio e prevenção do suicídio por meio da “escuta empática”. O serviço funciona como um “pronto-socorro emocional”, sigiloso e livre de julgamentos, que muitas vezes consegue aplacar a angústia de quem está pensando em se matar. Apesar do acolhimento respeitoso no contato telefônico não substituir o atendimento especializado, pode evitar a tragédia frente a uma crise de desespero. Ao ter um espaço de fala, a população tende a usá-lo para desabafar em situações de desamparo. À medida que nos abrimos, somos levados a respirar melhor e a enxergar perspectivas mais positivas.
Há quatro possibilidades de atendimento:
• Pelo telefone 188: ligação gratuita, disponível 24 horas por dia, de domingo a domingo;
• Chat: todos os dias da semana em horários definidos (
consulte aqui);
• E-mail: pelo apoioemocional@cvv.org.br ou preenchendo o formulário no site;
• Pessoalmente: nos 97 postos de atendimento em 20 estados e no Distrito Federal.
Amigos e familiares
Quando uma pessoa decide terminar com a sua vida, os seus pensamentos, sentimentos e ações apresentam-se muito restritivos. Isto é, ela pensa rigidamente pela distorção que o sofrimento emocional impõe levando-a a considerar interromper o ciclo de maneira definitiva. Por causa disso, torna-se temporariamente incapaz de perceber outras maneiras de enfrentar ou de sair do problema. Contudo, deve ser constantemente lembrada de que sempre há uma solução e que para chegar nela o caminho não precisa ser trilhado sozinho. A quem puder ajudar, basta se mostrar disponível e abusar da empatia. Porém, em seguida, o recomendado é procurar um médico psiquiatra, que vai saber como manejar a situação e salvar esse paciente.
Canais oficiais
• CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde);
• UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro; Hospitais;
• Centro de Valorização da Vida – 188 (ligação gratuita);
• Central do GNDI Sul.