Paciente vira personagem de poesia
Publicado em: 05/08/2019
Poesia “Choro que ri”, da médica da Clinipam Mariana Cozer Siviero, é campeã de Concurso Literário durante Congresso de Medicina
Que a vida real é matéria-prima para a literatura não é novidade para ninguém. Muitos artistas costumam aproveitar elementos do seu dia a dia para inspirar seu trabalho e suas criações. O cotidiano de Dona Sueli, que acompanhava em consultas, virou tema de uma poesia premiada no Concurso de Artes Literárias, que fez parte da programação do 15° Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade. A autora da poesia é Mariana Cozer Siviero, médica de família e comunidade, da Clinipam.
Amante das letras, Mariana se apropriou das palavras para mostrar seu olhar sobre a rotina de Dona Sueli na obra intitulada “Choro que ri”. Foi quando fazia o segundo ano de residência que a médica conheceu a senhora, em consultas na Unidade de Saúde. E graças à proximidade com os pacientes, que é um dos diferenciais do atendimento prestado pelos médicos de referência, que Mariana conseguiu perceber um pouco do que se passava na intimidade de Dona Sueli.
“Minhas palavras registram a percepção diante de uma paciente complexa. Nesta poesia, tento enxergar a vida sob a ótica da paciente. Buscamos a empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro. Já dizia Hipócrates, que é mais importante conhecer a pessoa que tem a doença do que a doença que a pessoa tem”, conta.
Mariana escreve desde os dez anos e já teve outro texto publicado pelo Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) em 2018. O pai foi sua grande inspiração para seguir o caminho das artes literárias. “Ele sempre foi muito bom com as palavras”, comenta. A trajetória bem sucedida de Mariana na poesia comprova o que diz o ditado popular: “filho de peixe, peixinho é”.
Confira a poesia premiada no Concurso de Artes Literárias:
CHORO QUE RI
Dona Sueli
Que chora
Que ri
Que não sabe o que tem, ou o que tinha
Porém
Acredita, não dúvida, da cura Santa
Da loucura da cabeça
Curada, ainda que cause desavença
Sorri
E dona Sueli se esconde
Embaixo do pano, no canto, na fonte
Na pia, no tanque
No sofá e na estante
Com a limpeza desenfreada
Esquizofrenia? Que nada
Multipolarizada
Na mania do sorriso que diz ser brava
Que até olha com cara fechada
Mas no espelho, só enxerga a alma lavada.