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Montanha-russa emocional impacta ganho de peso pós-bariátrica
Publicado em: 08/11/2023

Fator tempo também é um aspecto determinante, já que passada a “lua-de-mel”, os pacientes tendem a engordar
Como alguém que passou por uma cirurgia bariátrica volta a engordar? É de conhecimento que a obesidade, com devida atenção à mórbida, aumenta o risco de diversas doenças (hipertensão, diabetes, colesterol, apneia do sono, AVC, infarto, entre outros) levando, inclusive, à morte. Mas, apenas saber isso não basta. Também é preciso muita coragem para se submeter ao procedimento, bem como encarar os desafios do pós-cirúrgico. Só quem já sentiu na pele entende o que está em jogo quando a rotina precisa passar por mudanças radicais envolvendo alimentação e estilo de vida. Afinal, ter o sistema digestivo alterado transforma não só o corpo físico, mas também a mente, uma vez que traz consigo uma série de adaptações. A seguir, vamos entender melhor este panorama e conhecer soluções para evitar o ganho de peso em pacientes que realizam a bariátrica.
O que é obesidade
Antes de tudo, vamos esclarecer que a obesidade é uma doença crônica, definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo. É classificada com base no Índice de Massa Corporal (IMC), calculado a partir da divisão do peso (em quilos) pela altura ao quadrado (em metros).
Para melhor avaliação, os resultados são divididos segundo a tabela abaixo.
- Entre 25 - 29: sobrepeso
- Entre 30 - 34: obesidade grau I
- Entre 35 - 39: obesidade grau II*
- Igual ou superior a 40: obesidade grau III* (*consideradas as mais graves)
A obesidade atinge 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, sendo 650 milhões de adultos, 340 milhões de adolescentes e 39 milhões de crianças, indica a OMS. No Brasil, 6,7 milhões de pessoas são obesas, segundo dados do Ministério da Saúde.
Compulsão alimentar é fator de grande impacto
Conseguir uma efetiva mudança de mentalidade é pré-requisito ao emagrecimento saudável, sobretudo depois de ter passado pela bariátrica. Porém, é muito mais comum do que se pensa ver essa conquista dar lugar ao famigerado efeito sanfona (engorda, emagrece, depois volta a engordar).
De maneira geral, a situação - repleta de altos e baixos - é impulsionada pela relação que se tem com a comida. Em muitos casos, ela assume a função de regular as emoções, o que faz com que grande parte desse público ignore seu real objetivo, que é nutrir.
Recentemente, foi justamente isso que uma pesquisa de doutorado do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo (USP) revelou. De acordo com o estudo, mais de 90% dos pacientes operados, em um hospital de João Pessoa (PB), recuperaram cerca de 10% do peso perdido. Diante do cenário, o fator de maior impacto foi a compulsão alimentar, um entrave para 16% dos entrevistados. Sendo que em 6% dos relatos, em sua forma mais grave.
Apontado como um dos vilões na luta por uma relação sadia com a balança, o transtorno psicológico é uma condição complexa e multifatorial que pode incluir diversos fatores, como emocionais, biológicos, ambientais, sociais, padrões alimentares disfuncionais e dietas restritivas. Cada indivíduo pode ter uma combinação única de causas subjacentes.
“Lua de mel” pós bariátrica
Passados mais ou menos 18 meses da cirurgia, ao encontrar um amigo ou conhecido operado é nítido seu emagrecimento. Em alguns casos, eles ficam irreconhecíveis. Trata-se do período que os especialistas chamam de “lua de mel”, quando há uma grande motivação e disposição em seguir as recomendações médicas e nutricionais. Assim, os avanços são perceptíveis e tudo parece caminhar bem.
Contudo, passado esse momento, o apetite, que estava reduzido, volta a crescer. Por consequência, o peso se estabiliza e depois passa a aumentar. Neste momento, a maior preocupação não está só no fato de engordar, mas no retorno de complicações de saúde existentes da época em que a pessoa era obesa, entre elas, a esteatose hepática (gordura no fígado).
Tempo pós-cirúrgico e impacto na manutenção do peso
Outro aspecto que altera o desenrolar da plena recuperação diz respeito ao tempo transcorrido após a cirurgia. Todos os ouvidos pela USP tinham de 18 a 65 anos e haviam iniciado o processo há três anos. Antes da bariátrica, sofriam de obesidade graus II e III.
Apesar dos esforços, na ocasião, eles já haviam recuperado mais de 10% do valor perdido depois da intervenção, o que pode acontecer quando o paciente não segue a cartilha. Assumir hábitos saudáveis, que foram orientados desde antes da operação, como a adoção de dieta menos calórica e mais nutritiva, além da prática de exercícios físicos, é indispensável.
A partir disso, a sensação de fracasso tende a prevalecer, o que abre caminho para os problemas psicológicos ou potencializa os já existentes, como a própria compulsão alimentar, depressão e ansiedade. Embora seja desafiador, saiba que é possível prevenir ou reverter este cenário e é o que veremos adiante.
Abordagem multidisciplinar como tratamento pós-bariátrica
Um dos pontos principais para garantir o sucesso da cirurgia bariátrica, também chamada de gastroplastia, e prolongar os benefícios provenientes do procedimento, é o acompanhamento de longo prazo. Por outro lado, o prognóstico positivo tende a ser prejudicado se o paciente, por algum motivo, abrir mão do suporte multidisciplinar de nutricionista, psicóloga e atividade física supervisionada.
Mudar o comportamento não é tarefa fácil, mas existem meios seguros de conseguir isso. Lembrando que nenhuma das dicas, apesar de serem amplamente divulgadas, substituem uma consulta médica.
H2 Dicas para evitar o aumento de peso
? Mastigar bem os alimentos;
? Driblar o hábito de “beliscar”;
? Consumir carnes magras;
? Incluir na rotina habitual frutas, verduras e legumes;
? Dar preferência para carboidratos integrais (pão integral, arroz integral);
? Evitar frituras e alimentos gordurosos;
? Atenção com o consumo de doces, principalmente preparações com alta densidade calórica, tais como, milk shake, sorvete, brigadeiro etc, para evitar a Síndrome Dumping (causadora de dores abdominais e sensação de desmaio);
? Diminuir (ou parar) o consumo de bebida alcoólica;
? Realizar atividade física com frequência;
? Fazer acompanhamento regular com equipe multidisciplinar.