Clinipam
Home > Notícias > Aumento de casos de dengue alerta para epidemia da doença no Brasil

Aumento de casos de dengue alerta para epidemia da doença no Brasil

Publicado em: 19/01/2023 Aumento de casos de dengue alerta para epidemia da doença no Brasil

O Brasil contabilizou 978 mortes por dengue em 2022 e o número é o maior desde 2015, quando 986 pessoas perderam a vida em razão da doença. E, em relação a 2021, o número de mortes aumentou 400%. Além disso, os casos de dengue saltaram 172,4% no comparativo entre o mesmo período entre 2021 e 2022. Os dados são do Ministério da Saúde e foram divulgados no último mês de dezembro.

Os números preocupam as autoridades sanitárias e servem de alerta para uma nova epidemia de dengue que pode acometer a população brasileira nos primeiros meses de 2023. É que a proliferação da doença é maior no verão em virtude das fortes chuvas e do calor intenso. Com o contato com as águas e a temperatura aquecida, os ovos colocados há semanas ou meses podem eclodir e dar origem a milhares de novos mosquitos Aedes aegypti.

Por isso, evitar água parada é uma medida que pode contribuir para frear a disseminação da dengue. Medidas preventivas contra o mosquito são essenciais para o vírus perder o seu alcance. Como a maior parte dos focos do mosquito está nos domicílios, a conscientização da população é importante e é responsabilidade de cada um fazer sua parte para combater a doença.

Na maioria dos casos, os sintomas da dengue são leves, mas uma parcela considerável dos infectados pode apresentar evolução mais grave, inclusive com fenômenos hemorrágicos. Além disso, sua peculiaridade é que não existe tratamento específico para dengue e, no momento em que aparecem os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde mais próximo para o profissional realizar o diagnóstico.

Uma vez comprovada a infecção pelo vírus da dengue, o paciente deverá repousar imediatamente e ingerir bastante líquido. Mais importante ainda é que o paciente não deve se automedicar, em hipótese alguma, evitando principalmente os anti-inflamatórios.

Sintomas da dengue

Os pacientes infectados pelo mosquito da dengue podem ser assintomáticos ou apresentar os seguintes sinais e sintomas:

- manchas avermelhadas pelo corpo a partir do 5º dia (30% a 50% dos casos);

- febre acima de 38ºC (2 - 7 dias);

- coceira leve;

- dor articular leve; e

- dor muscular intensa.


Diagnóstico da dengue

Para o diagnóstico da dengue, é necessária uma boa anamnese (entrevista do médico com o paciente), com a realização da prova do laço, exame clínico e confirmação laboratorial específica – que segue orientação de acordo com a situação epidemiológica.

Os sintomas da dengue hemorrágica (também chamada de dengue grave) são os mesmos da dengue clássica. No entanto, quando a febre diminui - por volta do terceiro ou quarto dia - ocorrem hemorragias por causa de sangramentos de vasos na pele e em órgãos internos. Alguns sinais podem indicar que a doença evoluiu para o quadro grave:

- dor abdominal intensa

- vômito persistente, às vezes com sangue

- sangramento nas gengivas ou nariz

- dificuldade respiratória

- confusão mental

- fadiga

- aumento do fígado

- queda da pressão arterial

- sangue nas fezes


Vacina

Também no último mês de dezembro, o Instituto Butantan (Butantan-DV) apresentou informações sobre a vacina contra a dengue desenvolvida por seus pesquisadores. O imunizante mostrou uma eficácia de 79,6% para evitar a doença, de acordo com o estudo clínico de fase 3.

Os dados foram coletados após um acompanhamento de dois anos com mais de 16 mil indivíduos de todo o Brasil. Durante esse período, não foi reportado nenhum caso grave de dengue nos participantes. O resultado positivo é fruto de um trabalho de mais de 10 anos com parceiros internacionais do Instituto Butantan e pode ter grande impacto na saúde pública brasileira a partir da diminuição considerável de óbitos em decorrência da picada do mosquito Aedes aegypti.

A fase 1 do ensaio clínico foi desenvolvida nos Estados Unidos, entre 2010 e 2012. O Brasil conduziu a fase 2, no período de 2013 a 2015. Nessa etapa, os pesquisadores verificaram que a vacina induz produção de anticorpos contra os quatro sorotipos do vírus. Esse é o maior desafio na produção da imunização, uma vez que é possível ser infectado mais de uma vez por diferentes vírus. Vale lembrar que no caso de uma reinfecção, a chance de desenvolver uma doença grave e com risco de morte é maior.

Caso a vacina seja aprovada futuramente pela Anvisa, poderá ser incorporado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e disponibilizado gratuitamente nas unidades básicas de saúde.

Dr. Rafael Mendonça Rey dos Santos
Coordenador Médico do CQV
CRM: 22.281