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Você sofre com cólicas menstruais? Isso pode ser um sinal de endometriose

Publicado em: 11/09/2023 Você sofre com cólicas menstruais? Isso pode ser um sinal de endometriose

Problema atinge uma em cada dez mulheres e, além de dores incapacitantes, pode causar infertilidade. Leia neste artigo sobre os sintomas, diagnóstico e tratamento da doença.


Existem células do tecido que reveste o útero (endométrio) que descamam. Contudo, em vez de serem expulsas durante a menstruação, caem nos ovários ou na cavidade abdominal (trompas e órgãos ao redor como bexiga e intestino), onde voltam a multiplicar-se e a sangrar. Ou seja, a mulher passa a menstruar nesses lugares atípicos e a consequência é uma inflamação crônica no organismo. Além das dores intensas a cada ciclo menstrual, essa condição é uma das principais causas da infertilidade feminina e é conhecida como endometriose.

A endometriose pode acometer praticamente qualquer órgão. O endométrio pode chegar também ao pericárdio, membrana que reveste o coração, gerando a endometriose pericárdica. Esses são casos raros, uma vez que 90% das lesões causadas pela doença ocorrem na pelve e apenas 10% atingem outros locais, como o diafragma e o coração.

Como falamos no primeiro parágrafo deste artigo, a dor intensa na menstruação é o principal sintoma dessa doença. No entanto, muitas vezes, todo esse sofrimento é banalizado e negligenciado - inclusive pelos médicos - e o resultado é um diagnóstico tardio de uma enfermidade que pode evoluir para um quadro mais grave. Não são incomuns os casos em que as pacientes precisam passar por cirurgias e até removem partes de órgãos como o intestino, a apêndice e as trompas para tratar a doença.

No último mês de junho, a Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados aprovou proposta que institui o Programa de Detecção Precoce e Tratamento da Endometriose. O texto assegura avaliações médicas periódicas, atendimento especializado com equipe multidisciplinar e formação continuada para profissionais da área de saúde que atuam com o tema.

A proposta prevê ainda a atualização periódica do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PDCT) da Endometriose, e a implantação de um sistema estatístico sobre a prevalência da doença no País (fonte: Agência Câmara de Notícias).

De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), apesar de ser mais comum em mulheres que ainda menstruam, não existe uma idade para o aparecimento da endometriose. Na sua grande maioria, a doença surge em mulheres na idade reprodutiva, enquanto menstruam.

Sintomas da endometriose

Os principais sintomas da endometriose são:

· Cólica menstrual incapacitante, que não melhora com medicações clássicas ou cuidados paliativos, como bolsinha de água quente;
· Dor pélvica;
· Dor na relação sexual (no momento da relação ou depois);
· Alterações intestinais no período menstrual (diarreia, sangue nas fezes, dor para evacuar);
· Alterações urinárias no período menstrual;
· Infertilidade (segundo a Associação Brasileira de Endometriose, mais de 30% dos casos de endometriose levam à infertilidade).

Diagnóstico

O diagnóstico da endometriose geralmente é feito pelo médico ginecologista, que avalia os sintomas da paciente e realiza um exame físico ginecológico direcionado - palpar os ligamentos do útero, para saber se o útero é doloroso na mobilização e se está fixo.

A detecção da doença passa ainda por exames específicos, como ressonância com preparo intestinal, com protocolo característico para avaliação e mapeamento das lesões, analisadas por um radiologista especializado na endometriose. Um ultrassom transvaginal, com preparo intestinal, com protocolo específico para endometriose, que também deve ser realizado por um radiologista especializado na detecção dessas lesões, é mais uma alternativa para descobrir a doença. Contudo, são poucos profissionais especializados nesta área, não só no Brasil, mas no mundo todo.

Além disso, muitas dessas lesões, às vezes mais iniciais, são difíceis de serem diagnosticadas por radiologistas não especializados. A demora no diagnóstico é um dos principais entraves no tratamento da endometriose. Estudos já mostraram que o intervalo médio entre o início dos sintomas até o diagnóstico varia entre 7 a 10 anos mundialmente.

Por essa razão, é necessário desmistificar que ter muita cólica menstrual é normal. As mulheres que passam por situações de dores intensas e incapacitantes no período menstrual devem buscar ajuda especializada, uma vez que esse é o principal sintoma da doença.

Tratamento
O tratamento da endometriose depende de fatores, como: idade, gravidade dos sintomas, gravidade da doença e se a mulher deseja ter filhos.

O tratamento com hormônios, geralmente, é feito para ocasionar a interrupção do ciclo menstrual. Para isso, são usadas pílulas anticoncepcionais de modo contínuo (sem pausas para menstruar). Podem ser usados ainda progestagênios isolados, hormônios injetáveis, implantes ou DIU, método que libera progesterona.

O principal objetivo dessas terapias é oferecer mais qualidade de vida para as mulheres, porque aliviam a dor característica da endometriose. Contudo, não elimina os focos, ou seja, as aderências causadas pela doença. O tratamento hormonal também não reverte as alterações anatômicas que já ocorreram pela penetração do endométrio nos órgãos.

Para eliminar as lesões da endometriose e reverter a infertilidade é realizada uma cirurgia minimamente invasiva chamada laparoscopia. Nela, o médico retira todos os focos da doença, ao invés de simplesmente cauterizar as lesões, minimizando, desta forma, as possibilidades de retorno da endometriose.